Depois do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), jogar um balde de água fria nas expectativas do governo de começar a votar da reforma da Previdência na próxima quarta-feira, 6, aliados do governo começam a pensar em saídas estratégicas para justificar o adiamento para 2018.
Oficialmente, uma reunião com os líderes da base e ministros está marcada no Palácio do Planalto, no domingo, 3, para traçar um novo plano, mas governistas admitem que o encontro será para dividir as responsabilidades da derrota momentânea, inclusive, jogando parte da culpa no colo do PSDB.
Opinião do blog – O governo colhe o erro de ter proposto inicialmente uma reforma ampla, sem considerar que um tema como esse teria que ser vencido por etapas.
É o mesmo erro que retardará a implantação da reforma trabalhista, a qual, embora necessária, não deveria ter abrangido alterações em mais de 100 artigos da CLT, quando a implantação do princípio do “acordado prevalecer sobre o legislado” seria suficiente, no primeiro momento.
Os temas que envolvem aspectos de sobrevivência das pessoas, não podem ser tratados em função da frieza da economia, que joga e manipula números estatísticos.
A reforma da previdência é mais delicada do que a da CLT.
Por isso, recente pesquisa da Data Folha revela números que a tornam inviável em 2017.
O governo não terá os 308 votos para aprovar a reforma da Previdência.
210 deputados declararam que votarão contra a proposta.
Só 38 parlamentares se disseram favoráveis ao projeto.
Oito afirmaram ser parcialmente a favor, divergindo em relação à idade mínima e ao limite para acumular pensões.
Há 44 indecisos, 14 seguirão a posição do partido, 97 não responderam e 96 não foram localizados.
Esse quadro aparece, apesar do governo ter apresentado uma proposta mais enxuta que a original, estabelecendo idade mínima de 65 anos (homens) e 62 anos (mulheres) para aposentadoria.
Outra exigência seria de 15 anos de contribuição para trabalhadores do setor privado, como ocorre hoje, e de 25 anos para servidores.
A resistência à reforma, entretanto, está na proximidade da eleição de 2018.
Prevalece o raciocínio de que o eleitor deve ser agradado, mesmo que a realidade seja escondida.
Alguma coisa, por menor que seja, teria que ser feita na previdência brasileira.
O quadro verdadeiro é que o furo nas finanças públicas conduzirá o país ao caos.
Na Grécia pensou-se que o “fundo do poço” não chegaria e terminou chegando, com graves transtornos para a vida das pessoas.
É o caso que de lembrar ao governo e àqueles que são sistematicamente contrários a qualquer tipo de reforma na previdência:
“Nem com tanta fome ao prato, nem com tanta sede ao pote.”