Do editor
Em meio às dificuldades que atravessa o RN, o governador Robinson Faria enfrenta perda em sua base parlamentar, na Assembleia Legislativa, o que significa significativo enfraquecimento político.
O PCdoB rompeu com o seu governo e recomenda a deputada Cristiane Dantas, que vote contra as propostas em debate.
A parlamentar é esposa do vice-governador Fábio Dantas, também filiado ao PCdoB.
O deputado Carlos Augusto Maia, hoje no PSD por conveniência política, tem raízes familiares no PCdoB estadual.
Por coincidência (???), Carlos Augusto anunciou independência e votará contra Robinson no “pacote” anti crise.
“Imbroglio” difícil para o governo descascar.
Perde um partido aliado e enfrenta a rebeldia interna na própria legenda do governador (o PSD).
Tudo isso acontece, quando a contagem voto a voto torna-se cada dia mais precária.
Sabe-se que o PSDB é um aliado difícil de administrar, inclusive porque o partido é dividido no Estado.
Tudo isso acontece às vésperas da sucessão governamental e das eleições gerais.
Se tivesse ocorrido um “acordo” para aprovar o pacote anti crise, tudo se tornaria mais fácil, pela rapidez na decisão.
Por que não é tentada uma triagem para a indicação das matérias prioritárias do “pacote” e em torno delas ser construído o consenso da urgência?
A generalização da negativa da urgência, prolongará a agonia política do governo e do Estado.
Agora, as comissões poderão decidir rapidamente, ou procrastinar.
Há meios regimentais para esses dois caminhos, durante a tramitação
Além do mais, três mudanças constitucionais, que exigem quórum qualificado e votação em dois turnos, tornam ainda mais imprevisível o desfecho.
Pelo que se conhece no comportamento dos personagens da “aldeia”, a palavra de ordem será “barganha”, de agora por diante.
Pela tradição política, o que significa barganhar, senão uma troca, lícita ou ilícita, em que apenas uma parte é favorecida?
O mais grave é essa inflexibilidade de Brasília, exigindo aprovação de leis e mudanças “goela abaixo do RN”.
Ninguém mais do que o presidente Temer sabe que é necessário negociar com o Legislativo.
No Rio de Janeiro, Minas e Rio Grande do Sul, o governo federal não fez exigências tão rígidas, quanto faz ao RN.
Existiram recuos, negociações e tempo para tramitação.
Volta-se ao debate inicial dessa crise, quando este “blog” tem defendido que só existiria a saída da bancada federal engrossar o pescoço e agir com altivez junto ao governo Temer.
Brasília precisa estar consciente de que a calamidade pública existe no RN e as soluções têm que ser urgentes e gradativas.
Não se justifica a atual e incondicional obediência ao governo, de parte da bancada no Congresso.
A alternativa seria condicionar claramente o apoio político ao governo Temer, a concessão de um voto de confiança ao nosso estado.
Esse gesto governo Temer significaria liberar, em curto prazo, os recursos que atendam a solução da crise e confiar que o governo estadual continuará fazendo tudo que for possível (como vem fazendo) para viabilizar as mudanças em tramitação na Assembleia.
Diante da calamidade pública, caso o governo federal não ceda e, mesmo assim, continue recebendo o apoio político em Brasília dos nossos senadores e deputados federais, só restará a certeza, de que a falência, ampla e irrestrita das nossas finanças públicas, se transformará em fato consumado e irreversível.
Nesse caso, a responsabilidade pelo caos terá que ser debitada à bancada federal, também.
A história será implacável na constatação das omissões!